Charles Möeller e Claudio Botelho são realmente os “magos dos musicais”. Juntos desde 1991, eles têm mais um espetáculo em exibição, o famigerado GYPGY- O Musical.
O espetáculo foi lançado originalmente em 1959 por uma colaboração de futuros ídolos do teatro musical: Arthur Laurents (autor do texto), Jerome Robbins (diretor e coreógrafo) e Stephen Sondheim (compositor). Dois anos antes, esse mesmo grupo criou West Side Story (Amor Sublime Amor). Era, pois, claro que GYPSY estava destinado ao sucesso.
Baseada nas memórias da lendária stripper Gypsy, a peça retrata a vida de uma família que, apesar de pouco convencional em sua formação – uma mãe solteira com duas filhas -, busca o que muitos almejam: o Sonho Americano. Rose, a mãe, luta com todas as suas forças pelo estrelato para suas filhas, seja no teatro vaudeville ou no burlesco. June é sempre a favorita e Louise é posta como mera coadjuvante nas apresentações e até na atenção de Rose. Após June fugir, a mãe tenta se redimir com Louise, tornando-a a estrela de suas criações. Essa destemida luta pela fama culmina em sua transformação para a maior stripper do início do século XX, Gypsy Rose Lee.
Charles Möeller e Claudio Botelho merecem tantos prêmios quanto houver por sua brilhante ideia de trocar o foco da peça da filha Louise para a mãe. Rose é interpretada por uma Totia Meireles cheia de vivacidade na voz e na atuação. Adriana Garambone (Louise) também está louvável como Gypsy Rose Lee. O confronto entre as duas é de abalar qualquer troglodita.
A peça começa com um elenco infantil que merece aplausos de pé. A Baby June, que é representada por Hannah Zeitoune, Jana Bas e Thayna Campos, alternadamente, ganha o coração de todos com seus gritinhos e espacates. O salto na linha de tempo é feito brilhantemente: um jogo de luzes e coreografia de dar inveja a qualquer novela televisiva com seus “X anos depois”. Além do trio de stripers decadentes formado por Liane Maya, Sheila Matos e Ada Chaseliov, que garante risadas a qualquer um, o elenco principal é formado por Renata Ricci e Eduardo Galvão e André Torquato.
Como dito por Baby June, ”todo mundo tem alguém a quem agradecer pelo sucesso que faz”. Qualquer carioca amante desse gênero teatral só tem a agradecer a Möeller e Botelho e ao elenco. Todos contribuem para que essa superprodução seja mais um exemplo de que os musicais estão aqui para ficar. E ainda vão crescer. Esperem e verão.
PS: Agradecimento especial a Arthur.