domingo, 1 de agosto de 2010

Estações da Vida IV


INVERNO/HIBERNAÇÃO:

           É engraçado. Sempre ouvi que o animal mais próximo à raça humana era o primata. Bem, pelo que eu saiba, quem hiberna são os ursos e foi isso que eu fiz por três meses. Eu virei um urso por todo o inverno e hibernei. Foi como se eu realmente dormisse todo esse tempo. Eu vivia o meu pesadelo. Perdera tudo que mais quis, por querer demais.
           Einstein disse que tudo é relativo. O exemplo mais comum que é dado na escola é a duração das aulas. As aulas mais legais parecem ser mais curtíssimas e as de geografia sempre são longas.
           Se não me engano, ele também falou sobre memória seletiva; ou ele tinha isso. Não lembro.
           Unindo relatividade do tempo e memória seletiva, fala-se do meu inverno. Falando a verdade, eu só sei que foram três meses porque acordei e as flores estavam desabrochando. Poderiam ter sido dias, horas, minutos. Aí está a diferença. Um minuto vivido loucamente pode mudar mais a vida de uma pessoa do que um ano inteiro sob o estado em que me encontrava nessa época.
           A letargia dominou-me de tal forma, que perdi a noção de tempo e perdi todas as lembranças desse período. Acho que minha mente queria me preservar de uma possível dor ao me lembrar do sofrimento pelo qual passei e, por tanto, simplesmente não guardou nada.
           Resumindo, como é característico dessa estação, só que em outros lugares - talvez a Sibéria -, minha lembrança do inverno é um enorme branco.

domingo, 25 de julho de 2010

Estações da Vida III



OUTONO/OBLITERAÇÃO:

          Eu falei para mim mesmo: chega de sairmos só nós dois. Amava ficar com ela, mas eu estava extremamente orgulhoso da conquista, queria exibi-la para meus amigos. Resolvi, pois, fazer uma reunião na minha casa. Um encontro de adultos. Para os homens falarem das mulheres e as mulheres falarem dos homens.
          Comprei bastante aperitivos e pedi ajuda a Emily com as bebidas. Ela conhecia um barman, Apolo, de longa data. Só concordei porque ela afirmara que ele já tivera relações com mais homens – de uma só vez - que ela, em sua vida inteira.
          Convidei todos que eu conhecia e gostava e sugeri que Emily fizesse o mesmo. Acabou que aquela foi realmente um festa de arrasar. Enquanto limpávamos a bagunça, ela me contou as fofocas que ouvira das outras mulheres. Aparentemente, a maioria dos meus colegas vinha tendo problemas para comparecer na hora em que sua virilidade era mais requisitada.
          Por causa da festa, minha caixa de e-mail começou a ficar mais abarrotada de mensagens de meus amigos solteiros. Aparentemente, alguém espalhara o boato de que Emily era conhecida na empresa por ajudar as garotas solteiras - e desesperadas - a conseguir caras e os meus amigos queriam se candidatar.
          No dia primeiro de abril, estávamos assistindo ao Jornal Nacional, quando Lucas entrou correndo no quarto com a mão vermelha do que parecia sangue. Nunca vi Emily empalidecer tanto. Ela pulou da cama, apanhou a mão dele procurando o corte profundo que teria causado tal hemorragia e, não o achando, provou e viu que era catchup. Igualmente inédito era aquele tom roxo em seu rosto que precedeu uma bronca histórica. Quando ela finalmente conseguiu dormir, de tão nervosa que estava, eu aproveitei para ir ao quarto de Lucas e cumprimentá-lo pela perfeita atuação. Rimos até ele dar um longo e alto bocejo. Apaguei a luz e fui dormir também.
          Emily tinha um vício: chocolate. Ela amava qualquer tipo: doce, amargo, ao leite; não importava. Chegava, pois, a época em que eu teria que realmente me esforçar para impressioná-la. E eu não medi esforços. Já sabia que essa época seria importante, tinha um plano. Levei Emily e Lucas para a minha casa de praia na quinta feira da Semana Santa. Enquanto dormiam, no sábado, espalhei ovos de páscoa por toda a propriedade. Queria fazer uma saudável e alegre brincadeira no dia seguinte.
          Contei aos dois assim que acordaram no domingo e logo me duvidei se aquela fora a coisa sensata a fazer. O pobre Lucas parecia um filhote de poodle competindo contra um pastor alemão adulto que treinara por anos na polícia, os dois farejando à procura de drogas; no caso, chocolate. Mas, como eu falei, eu tinha tudo planejado. Comprara dois ovos de personagens da Marvel, que dei ao garoto. Emily, no entanto, teve que se contentar com apenas um ovo; mas de proporções gigantescas. Dentro do seu ovo tinha um pedaço de papel onde estavam escritas três palavras: “eu te amo”. Ela pegou, leu, chorou, disse que também me amava. A partir daí, tornamo-nos viciados em reafirmar nosso amor um pelo outro.
          No dia dezenove de abril, eu realmente comecei a me sentir parte da família de Emily, e não um mero namorado. Lucas chegou do colégio todo pintado de índio com uma enorme e chamativa pena na cabeça. Ao entrar pela porta, deixado pelo pai biológico, ele correu para dar um beijo na mãe e veio correndo logo após para falar comigo. Deu-me um forte abraço, perguntou-me se não parecia um verdadeiro índio. Eu fiquei brincando com ele. Emily o deu um banho de esfregão para tirar toda a tinta que puseram nele e depois nos reunimos os três na mesa de jantar.
          Como quase toda criança tão sabiamente faz, ele resolveu filosofar sobre a relação humana. Disse que sua professora comparara as cidades urbanas às tribos indígenas. Disse que cada um tinha um cacique, nas cidades, seria o prefeito. Então, ele perguntou se cada família não podia também ser comparada com uma tribo. E o pequeno garoto fez-me a brilhante pergunta que iluminou minha mente, mostrando-me o que eu realmente ansiava:
          - Então, você é o cacique dessa tribo?
          Não preciso nem dizer que a Emily quase morreu engasgada com o brócolis que comia. Recompôs-se a tempo de mandar seu filho comer o que estava no prato antes que esfriasse e parasse de ficar pensando em coisas grandes demais para uma criança da idade dele.
          Por mais que Lucas tenha sido quase obrigado a esquecer desse assunto, eu não fora - tampouco creio que seria possível. De repente, tudo estava claro em minha mente. O que eu mais queria, aquilo que eu teria - não importava a que custo - fazer era pedir Emily em casamento. Somente assim, eu me tranquilizaria.
          O que sobrou de abril se tornou um frenesi. Conversei muito com meus melhores amigos. Eles eram casados, sabiam o que me acometia. Após muita consideração com eles, resolvi que protelar ainda mais era me martirizar. Se eu não juntasse coragem para fazer isso, talvez nunca me perdoasse. E assim começaram os planos.
          Aliança. Minha amada não era metida nem esnobe. Mas se quisesse, poderia se mostrar para cima de todas as amigas com a aliança que eu comprei. Comprei pela internet. Mandei vir dos Estados Unidos direto para a casa de um amigo; na minha casa, eu corria o risco de ela ver. Tiffany's. O anel mais lindo que eu encontrei. Nem por um segundo me importei com o preço que custaria. Fazia o melhor e mais importante investimento de minha vida.
          Para o pedido precisei da ajuda de terceiros que se dispuseram a qualquer coisa e disseram estar realmente felizes e torcendo para que tudo desse certo.
          Dia doze de junho. Dia dos namorados. Ela já sabia que teria uma noite especial; só não tinha noção do quanto especial seria. Ela pensava que iríamos ao show da Sarah Brightman. Os ingressos eram para ótimos lugares. Jantaríamos em um restaurante na Barra da Tijuca e depois iríamos ao show lá perto.
          Após um jantar regado do melhor champanhe à venda e de comida de primeira, fomos ao show. O primeiro ato foi magnífico. Todo o custo financeiro daquela noite valeu a pena para que eu visse aquelas lágrimas brilhantes descerem as bochechas repuxadas em um alegre sorriso.
          No intervalo, demorei-me e Sarah Brightman começou a cantar “Fantasma da Ópera” enquanto eu estava fora. Emily me procurava por todo lado, mas não ousava sair do lugar. Ela consguir me localizar, mas eu estava no último lugar que ela pensaria: no palco. Enquanto Sarah cantava, alguém deveria aparecer vestido de Fantasma e ficar lá. Quando a música acabou, ela calou os aplausos ensurdecedores, começando um discurso:
          - Nessa magnífica peça de Andrew Lloyd Webber, o Fantasma declama seu amor por Christine com a música. Algumas pessoas não têm os mesmos dons musicais que ele. Mas isso não quer dizer que não se pode amar alguém tanto quanto - quiçá mais que - o personagem. Tenho aqui um amigo que queria falar algo para alguém especial. O nosso amigo mascarado me pediu para falar à sua amada algo. Emily, onde está você?
          Nessa hora, ouviu-se um grito agudo vindo da plateia. Todos começaram a seguir o holofote até que este encontrasse minha querida e estupefata amada. Ela parecia petrificada. Alguns empurrões das pessoas que a cercavam foram o bastante para tirá-la do transe. Ela acordou e subiu no palco.
          - Querida, - começou a dizer Sarah - primeiramente, devo parabenizá-la. Não é sempre que se vê um homem tão romântico que nem o seu. Mais difícil ainda é que ele seja hétero. HAHA E, mesmo se for hétero, é quase impossível que ele esteja solteiro e disposto a ter algo com você. Então, por isso, eu a parabenizo.
          “Agora, com a licença já dada da minha grande amiga Celine Dione, eu declamarei alguns dos versos de uma música sua que são para você.”

What do you say of taking chances?
[O que você diz de fazer tentativas?]
What do you say of jumping of the edge?
[O que diz de pular da beirada?]
Never knowing if there's solid ground below,
[Nunca saber se há chão abaixo,]
Or hand to hold, or hell to pay.
[Ou mão para segurar, ou castigo para pagar]
What do you say?
[O que você diz?]

          - Então, Emily? O que você diz de fazer tentativas. Por toda a vida do seu amado, ele nunca encontrou alguém como você. Ele sempre gostou de fazer os outros felizes. Mas você, pela primeira vez, conseguiu com que ele se fizesse feliz. Ele acha que sofrendo, magoará você. Você; mais ninguém. Que tal ter mais uma conquista na bagagem? Que tal ser a mulher da vida dele e isso ser oficializado? O que você diz de casar com ele? O que você diz?
          Nesse momento todos prorromperam em aplausos extremamente entusiasmados. Eu tirei minha máscara de fantasma e me aproximei dela. Ajoelhei-me perante Emily, tirei a joia - que quase cegava à luz dos holofotes - e perguntei “Casa comigo?”
          O que veio a seguir é a razão para a definição dessa estação. Tudo estava indo bem demais para algo apelidado de obliteração. Ela disse não e saiu correndo. Se um dia eu sonhei imaginar o que era dor, estava irrevogavelmente errado. Naquele momento eu conseguia respirar tal qual um peixe na superfície. Meu mundo rodou, rodou, rodou. E eu dormi.
          Quando acordei já não era mais outono.

domingo, 18 de julho de 2010

Estações da Vida II



VERÃO – PARTE UM/ SUFOCO:

           Calor. Não consigo passar alguns poucos minutos sem a ajuda de um ventilador, ar condicionado ou algo do gênero. Sinto-me uma bola de sorvete tentando resistir bravamente no calçadão de Copacabana, onde caiu da casquinha de uma criança. Uma aparente obsessão por banhos me domina. Junto a ela, acho que um surto psicótico também começa a agir sobre mim. Torno-me instável, mais até que uma grávida.
           Começo o ano lendo. Devoro páginas como se curasse uma inanição. Não sabia – à época – o porquê de amar tanto os livros. Férias: tempo ocioso. Algo tenho que fazer para não pirar de vez. E cheguei bem perto de perder o controle.
           Um fator surgiu para domar meus hormônios e calmar minha mente, focá-la em algo. O cenário: teatro, um musical sobre uma família austríaca era apresentado. Sempre amei teatro musical, mas quase nunca ia. Eu tinha – ainda devo ter – um enorme defeito: chegava uma hora, durante a apresentação em que não conseguia mais me segurar e começava a cantar as músicas junto dos atores. Naquela apresentação, porém, não fui o único. O tenor sobre o palco e o barítono sentado na minha poltrona eram acompanhados por uma soprano muito delicada. Aquela voz soou-me tão familiar, tão de acordo com cada parte do meu ser, que eu tentei me lembrar se essa era a primeira vez que a ouvia, ou se já nos conhecíamos havia anos.
           No intervalo, ao me sentar, por acaso – ou não –, ao seu lado na cafeteria, perguntei-lhe seu nome. Emily. Tomamos umas taças de xerez e tivemos uma breve conversa sobre o quanto achávamos ótimo que as pessoas parassem uma noite de suas vidas para apreciar algo tão belo quanto aquilo que víamos. De volta às poltronas, a atenção de cada um destes dois expectadores deslocou-se do palco para o outro. Inevitavelmente, acabamos indo a um bar à beira da praia para uma conversa amigável, regada no óleo das batatas fritas, Coca-Colas, cervejas e na fumaça dos cigarros.
           Fomos nos conhecendo melhor. Ela insistia em dizer que tinha vinte e sete anos, mesmo eu jurando que ela parecia ter cara de dezessete, fazendo-a corar e sorrir de uma maneira que fazia meu coração perder o compasso. Trabalhava com publicidade. Adorava Sarah Brightman, Harry Potter e Crepúsculo. Eclética, não?
           Jogamos conversa fora até o sol começar a sair e o garçom nos avisar que a cerveja acabara. Pagamos – paguei – a conta e a chamei para uma caminhada na areia. Ela concordou e pediu para que eu esperasse enquanto tirava os saltos. Pedi-lhe que sentasse. Ajoelhei-me perante a dama e gentilmente desamarrei o salto que estava no seu pé esquerdo. Tomei um risco e fiz uma massagem de leve em seu pé, algo que aprender em um curso-relâmpago de reflexologia pela internet. Ela pareceu gostar. Sorriu e corou daquela maneira à qual eu começava a me sentir viciado.
           Passei para o outro pé. Ao retirar o calçado, notei que havia uma pigmentação estranha no canto lateral. “Lucas” estava escrito. Delicadamente, passei a mão pelo nome, simplesmente para comprovar o que temia: era uma tatuagem verdadeira. Ela notou minha hesitação, trocando o foco de sua visão do sol nascente para mim.
           - Ah! Então você já achou isso.
           - Er, sim. - eu tentei aparentar o mais alheio possível ao homem que fora homenageado por ela - É... Emily... por acaso há algo que você se esqueceu de mencionar...?
           - É, receio que haja algo. Como você é um cara legal, acho que merece saber toda a verdade. Sim, há outro homem na minha vida.
           É nesse ponto que começa o verdadeiro sufoco do verão. Como sempre vivi no Rio, estou acostumado ao calor escaldante. Mas meu queixo estava caído. Eu suava como um porco usando poncho. Mal conseguia respirar. De repente, comecei a sentir uma dor – com a qual estaria familiarizado no futuro – no peito. Pensei que fosse falta de oxigênio e excesso de gás carbônico nos meus pulmões. Mas a dor não vinha deles: era entre os dois.
           - É, ok. Momento meio sem graça. Hehe – aqui se passam, aproximadamente, os dois minutos mais longos da minha vida nos últimos anos – Então... Quem é Lucas? Vocês são – essa palavra, em especial, custou-me um pedaço do meu pâncreas – namorados? Digo isso porque você não tem aliança. Então... Quem é Lucas?
           Aqui a minha consciência se transforma em uma roleta. Tudo perde mais uma vez o sentido. Parece que estou novamente vendo os fogos. Contudo, dessa vez há um som de fundo; ouço risadas. Emily está rindo. Melhor dizendo, gargalhando.
           Eu olho para ela com a minha perfeitamente autêntica cara de desentendido. – O que foi?
           - Seu bobo. Não. Lucas não é meu namorado. Nunca foi.
           - Ah! Então, seu pai?
           - Não.
           - Por favor, diz que é seu melhor amigo gay.
           - HAHA Não. Também não. Quer parar de tentar adivinhar? Daqui a pouco vai achar que eu tatuei no meu pé o nome do meu açougueiro.
           - Desisto. Hehe Quem é Lucas?
           - Lucas é um lindo garoto de sete anos.
           - Agora só estou mais confuso. Irmão?
           - Você não tinha parado de tentar adivinhar? Hehe... Lucas é meu filho.
           - Sério? Fruto do seu ventre? – e que seja lida nessa frase uma cara de paisagem enorme.
           - Nossa! O nome dele é Lucas, não Jesus! E sim, meu filho. Eu não falei antes porque esse é o tipo de coisa que afasta todo cara. O pai... nunca realmente gostei dele o bastante para casar. Mas ele me deu o maior presente de todos e, por isso, nunca poderei o agradecer o suficiente.
           - Emily. Vamos caminhar.
           - Você não vai sair correndo?
           - Vamos caminhar.
           Descemos para a areia. Começamos a descer para a água. Como estávamos vestidos para teatro – e éramos dois dos poucos que ainda se vestiam bem para tais ocasiões – optamos por simplesmente caminhar descalços e não molharmos nada mais que os pés.
           Após alguns minutos escolhendo bem as palavras que queria usar, eu finalmente disse:
           - Eu também não fui completamente honesto com você. Emily, eu sou infértil. É quase impossível que eu venha a ter filhos biológicos, então sou considerado infértil. E sabe, eu realmente queria investir em você. Cansei de vadiar nas noites boêmias da Lapa. Quero ter uma vida mais estável, ser mais caseiro. E, agora, sabendo que você já tem um filho de sete anos, conforto-me. Mas você ainda quer ter filhos?
           - Meu, falando a verdade, o Lucas basta. HAHA
           - Eu imagino como deve ser. HAHA
           Nós ficamos caminhando silenciosamente, com raios dourados surgindo no horizonte, uma brisa soprando em nossos cabelos e a música dos mares soando em nossos ouvidos.
           Acabou que aquilo não foi mais um caso. A coisa realmente evoluiu. Praia de manhã. Parque à tarde. Cinema à noite. Frequentamos quase todos os restaurantes italianos de toda a orla de Copacabana. Curtimo-nos.
           Janeiro passou. Fevereiro chegou com os compromissos. Ela tinha a escola do filho e o trabalho para manterem-na ocupada. Eu não tinha as preocupações de outra pessoa para me atrapalhar; só as minhas já eram o suficiente.
           A mãe dela veio para o Carnaval. Disse que queria passar o feriado com o neto, pois havia muito tempo que não o via. Aproveitamos e viajamos para a serra. A região dos lagos estaria insuportavelmente cheia nesse época; inabitável. E, como nós dois amávamos frio, eu pedi emprestada a casa de um amigo em Itaipava e lá fomos nós para um final de semana que prometia.
           Chegamos, no carro dela, por volta das seis da tarde. Não tivemos que fazer limpeza alguma, já que havia uma mulher que o fazia regularmente. Acomodamo-nos na suíte no segundo andar. Almoçamos muito cedo com a mãe e o filho dela naquele dia; tínhamos, pois, fome. Eu a prometi que, pelo menos naqueles dois dias, ela se sentiria uma rainha e que, para tal, não faria nenhuma tarefa que a cansasse.
           Peguei alguns vegetais e fiz uma leve salada. Fiz um elegante prato de massa e levei tudo para a mesa de jantar. Acendi algumas velas, coloquei um vinho tinto suave de mesa para mim e para ela e um pouquinho de Barry White – que nunca faz mal a ninguém – ficou responsável por ditar o clima.
           Quando ela saiu do banho, vestia um robe de seda. Ao ver a mesa, riu e perguntou se teria tempo de pôr um vestido longo antes que o rei chegasse. Eu respondi que ela era perfeita, não importava o que vestisse, e que ela era toda a realeza daquele recinto. Sentamos e comemos. Quando saciados, subimos ao mezanino e nos deitamos no sofá para assistir a um filme que amávamos: “Dança comigo”. Lá pela metade, eu a convidei para dançar. Embalamos um dois pra lá, dois pra cá completamente fora do ritmo da música que tocava. Os créditos já haviam até acabado, e lá estávamos nós. Agora, prendíamos a nós mesmo em um abraço apertado, enquanto nos balançávamos pelo cômodo.
           O dia seguinte foi regido por um lema: relaxamento. Acordamos, ficamos um tempo inimaginavelmente prazeroso nos mirando nos olhos sem falar nada. Tomamos um leve café da manhã e fomos à piscina. Mergulhamos até nos cansarmos e depois ficamos dourando sob o sol. Aproveitei para pôr em prática outra técnica de massagem que aprendi: drenagem linfática. Usando um óleo que eu sabia que ela amava, tentei ao máximo torná-la leve o bastante para voar como uma pena ao vento.
           Não tivemos fome na hora do almoço, então passamos um bom tempo na sauna conversando sobre livros, outra paixão mútua. Quando já era umas quatro da tarde, subimos para a suíte. Tomamos um banho de sais na hidromassagem.
           À noite, fez frio. Como não comêramos no almoço, resolvemos fazer um fondue. Levamos o jogo todo para o quarto e comemos na cama, abraçados sob um grosso edredom. Gostoso.
           No domingo, passeamos pelo centro de Itaipava, por Petrópolis e vários outros lugares ali perto. Voltamos para o Rio na segunda pela manhã.
           Fevereiro terminou. Março tampouco foi longo, ou marcante. Lógico; eu nunca esqueceria cada um dos felizes segundos que passei ao lado dela, mas nenhum evento em especial ocorreu.
           Eu mergulhei de cabeça naquele relacionamento. A cada momento eu tentava o meu melhor para fazer com que aquilo desse certo. E, de alguma forma, sentia a mesma coisa da parte dela.
           Eu, que pensava que encontrara minha saída do sufoco nela, encontrei uma nova razão para pânico. Não seria mais só a falta de ar; agora seria uma total e completa obliteração.

domingo, 11 de julho de 2010

Estações da Vida

           Em janeiro desse ano, estava eu na varanda, iluminado somente pela luz do luar e a do laptop. Tentava desesperadamente escrever algo. Eu queria participar do ECA - RIP -, mas não podia enviar o Narciso, por não ser inédito. Depois de muitas porcarias, cheguei a este conto, Estações da Vida.
           Havia dois meses - novembro do ano passado -, eu vira o DVD do musical RENT. A música de abertura, "Seasons of Love", me comoveu especialmente. Por acaso, ou não, foi nela que achei a inspiração para essa declamação de um amor.
           Eu resolvi postar agora, pois já registrei o texto e estou particularmente decepcionado com a frequência com que posto algo aqui. Dividirei em 5 partes, uma a cada domingo.
           Chega de lenga lenga. Eis o conto...

domingo, 6 de junho de 2010

Os encantos ciganos de uma superprodução

          

          Charles Möeller e Claudio Botelho são realmente os “magos dos musicais”. Juntos desde 1991, eles têm mais um espetáculo em exibição, o famigerado GYPGY- O Musical.
          O espetáculo foi lançado originalmente em 1959 por uma colaboração de futuros ídolos do teatro musical: Arthur Laurents (autor do texto), Jerome Robbins (diretor e coreógrafo) e Stephen Sondheim (compositor). Dois anos antes, esse mesmo grupo criou West Side Story (Amor Sublime Amor). Era, pois, claro que GYPSY estava destinado ao sucesso.
          Baseada nas memórias da lendária stripper Gypsy, a peça retrata a vida de uma família que, apesar de pouco convencional em sua formação – uma mãe solteira com duas filhas -, busca o que muitos almejam: o Sonho Americano. Rose, a mãe, luta com todas as suas forças pelo estrelato para suas filhas, seja no teatro vaudeville ou no burlesco. June é sempre a favorita e Louise é posta como mera coadjuvante nas apresentações e até na atenção de Rose. Após June fugir, a mãe tenta se redimir com Louise, tornando-a a estrela de suas criações. Essa destemida luta pela fama culmina em sua transformação para a maior stripper do início do século XX, Gypsy Rose Lee.
          Charles Möeller e Claudio Botelho merecem tantos prêmios quanto houver por sua brilhante ideia de trocar o foco da peça da filha Louise para a mãe. Rose é interpretada por uma Totia Meireles cheia de vivacidade na voz e na atuação. Adriana Garambone (Louise) também está louvável como Gypsy Rose Lee. O confronto entre as duas é de abalar qualquer troglodita.
          A peça começa com um elenco infantil que merece aplausos de pé. A Baby June, que é representada por Hannah Zeitoune, Jana Bas e Thayna Campos, alternadamente, ganha o coração de todos com seus gritinhos e espacates. O salto na linha de tempo é feito brilhantemente: um jogo de luzes e coreografia de dar inveja a qualquer novela televisiva com seus “X anos depois”. Além do trio de stripers decadentes formado por Liane Maya, Sheila Matos e Ada Chaseliov, que garante risadas a qualquer um, o elenco principal é formado por Renata Ricci e Eduardo Galvão e André Torquato.
          Como dito por Baby June, ”todo mundo tem alguém a quem agradecer pelo sucesso que faz”. Qualquer carioca amante desse gênero teatral só tem a agradecer a Möeller e Botelho e ao elenco. Todos contribuem para que essa superprodução seja mais um exemplo de que os musicais estão aqui para ficar. E ainda vão crescer. Esperem e verão.

PS: Agradecimento especial a Arthur.

sábado, 10 de abril de 2010

Viva!





She's lost inside.
Lost inside.
Perdida no labirinto.
Tenta,
A todo custo,
Escapar das correias.
Atada está ao chão,
Solo hostil
Habitado por cobras.
Ouve cantos.
Salvação melódica,
Aquela voz
Emana força.
A cada batida
De seu vacilante coração,
Rompe os elos.
As amarras soltas,
Sente o sabor
Da sonhada liberdade.
Primeiro beijo,
Primeira transa,
Primeiro momento
Em liberdade;
Momentos,
Por si só,
Inesquecíveis.
Mas há algo estranho
Não consegue
Pôr-se de pé.
Mantém-se curvada,
Tal qual a velha
Que há muito
Sofre de cifose.
Homo curvadus,
Finalmente percebe
Que, pela extensão
Das correntes,
Nunca alongara
A coluna
As vértebras, pois,
Desconheciam como
Ficar empilhadas
Lá está Ela.
Pobre Ela!
Pôs-se a vida toda
A desejar.
Agora que,
Prematuramente,
Alcançou,
Não sabe como agir.
Never mind.
Conseguirá.
Parcela por parela,
A Vida alcançará
A postura ereta.
Vamos, Vida!
Não se esqueça
Dos cantos.
Sereianos ludibriam
A quase todos;
Alguns poucos,
Dotados de vontades
Puras como virgens,
Por eles
São ajudados.
Alimente-se
Da música.
Coma os versos,
Beba as notas.
Viva, Vida!
Viva!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Emily

Está calor.
Estou com insônia.
Tira a coberta e vou para a janela.
Debruço-me nela e ponho-me a captar a leve brisa.
Miro o céu.
Tantas coisas podem ser traduzidas daquelas estrelas.
O próprio Hércules lutou e conseguiu seu lugar lá.
Olha lá a Lua!
Tão sólida.
Tão brilhante.
Aquelas duas crateras não são interessantes?
Da forma em que estão, poderia jurar que são olhos.
Espera!
Sou eu ou as crateras se fecharam e abriram rapidamente?
Acho que o sono está chegando e estou bêbado.
Volto para a cama, não sem antes parar e fitá-las novamente.
Movimento algum dessa vez.
"Ei, psiu."
Abro os olhos com medo.
Por Zeus, quem estará me chamando?
Olho para o armário.
Repito "Riddikulus" várias vezes.
Volto a dormir.
"Ei, você aí fingindo que está dormindo."
Levanto e pego meu livro de cabeceira.
Não há uma pessoa que resista a uma porrada bem dada com a Ilíada.
Vasculho o quarto, mas não posso pôr meus olhos em quem me chama.
Tenho um palpite louco:
Vou olhar pela janela.
Olho para a rua.
Nada, só três gatos caminhando pomposamente.
Guardiões da noite e do outro mundo.
Ahaza, bee.
"Olha pra cima, palerma."
Medo de fazer isso.
"Oi...Lua?"
"Koé leske!"
Meu queixo vai ao chão.
"Brincadeirinha. Não precisa me chamar de Lua. Usa apelido, Emily."
Engraçado, eu conheço uma garota que se chama Emily.
Ela é incrível.
Virgem.
Adora a noite.
Prefere frio ao calor.
Uma mulher guerreira.
Consegue se virar sem precisar de um homem para controlá-la.
Adora andar com suas amigas mulheres para falar mal de homens e daquelas que se rendem a eles.
"Queridinho, hello! Você já estudou mitologia grega?"
"Já sim, por quê?"
"Essas características não o lembram alguém?"
Meus olhos se arregalam.
Caio para trás no quarto.
Não foi um simples escorregão.
Nem foi pelo susto quando percebi quem de fato era minha amiga.
Da Lua saiu um raio de luz que veio até mim e me derrubou.
Após minha visão se acostumar, percebi que não era simplesmente um raio de luz.
Era Emily!
O que é isso?
Será que confundi limonada com absinto?
"Eu, queridinho, sou Emily."
"Mas... mas... mas..."
"Por que todo homem gagueja quando me vê?"
"Você é Emily ou Ártemis?"
"Você é bobo ou bobão? Brincadeirinha, coração.
Eu sou as duas.
A verdadeira razão para eu vir é..."
Nesse momento minha mãe me acorda para me arrumar.
Tenho que ir à escola.
Que lindo!
Sonho com amigas virando deusas.
Devo finalmente ter pirado de vez.
Levanto-me e acordo para a vida.
Afinal, minha Emily está tão distante quanto Lua.
Sem problema.
Um dia eu viro astronauta e visito-a.
Olho para o resquício de Lua que ainda está no céu.
Sou eu ou as crateras se fecharam e abriram rapidamente?

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Os cães, as gatas e a praia

          Fim de tarde. Fim de mundo. Fim de paciência. Ponho meu tênis e vou-me para a rua. Saio pelo portão. Sinto uma estranha (e falsa) sensação de liberdade. Não posso realmente ir para onde quiser, mas tenho um bom raio de espaço livre a ser vasculhado.

          Decido por andar e aproveitar o momento. Sete da noite, o sol está se pondo. As pessoas aproveitam que a cidade resolveu dar uma aliviada na temperatura. Aparentemente, estávamos sob risco de inundação devido à quantidade de suor produzida diariamente pela população.

          Bem, não estou na capital. Fui arrastado para o limbo. Não que este seja um lugar tão mítico ou importante quanto o limbo; é só que Araruama serve de passagem. É como uma ponte, uma ligação não muito importante.

          Estou a andar sentindo a brisa da lagoa beijar meu rosto. Vou andar a orla toda. Todos os dois quilômetros não me parecem de nada ameaçadores. E quem sabe com uma melhor condição física eu consiga algo com o design.

          Conforme o asfalto vai ficando para trás, começam a aparecer os cães. Das mais variadas formas, eles me acompanham por todo o caminho. Há aqueles que vagueiam sozinhos. Há os de pedigree que nada mais fazem que procurar uma fêmea para procriar. Juro que um deles quase passou por fêmea. Portava uma barrigada tão protuberante que eu pensaria que carregava três filhotes se não fosse por ele, o falo. Balançava inconfundível e imponentemente ao sabor do vento. Macho.

          Começam a aparecer as gatas. Das modelos de saca de ração àquelas que adoram se embrenhar no lixo à procura de um peixinho frito com limão, comparecem aos montes. Algumas carregam os rabos tão alto que se pode ver suas partes, quiçá suas entranhas. Podia jurar que as felinas eram mais metidas que isso. Sempre pensei nelas como cheias de melindres. A verdade é que algumas ganham dos próprios cachorros na questão do relaxamento das maneiras.

          Os cães, como em todo bom desenho, miravam-nas sedentos. Algo em minha mente me lembrou do filme O Rei Leão. Vi um cachorro mostrando ao outro como se esconder e preparar a emboscada para atacar aquela a qual tanto desejava. O que de fato nenhum desses dois sabia é que a presa estava perfeitamente ciente da armadilha. Ela via o caixote e, propositalmente, derrubava o graveto de sustentação e acionava o modo atriz para aparentar surpresa ao ser resgatada daquela prisão pelo bravo cão, ou pelo cão dominador que agora a possuía – vai depender da vontade da freguesa.

          Virando a esquina, encontrei um animal conhecido. É, o mundo é como o número dos leitores desse blog. Esse cão que parado aí estava, montado sobre a gata que lançou-me ameaçador. Bastou um carinho atrás da cabeça – o ponto G dos animais - para que ele voltasse a prestar atenção naquele que tinha debaixo de si.

          Termina a tarde e se põe lindamente no horizonte o balão dourado. Termino toda a orla. Decido refazê-la. Correndo dessa vez. Corri metade apenas. Parei para tentar respirar.

          Parado lá, vi uma estranha reunião de felinas. Pensei no que as faria estar naquele lugar àquela hora. Já começava a escurecer. E lá estavam elas naquele beco cheio de latas de lixo. Abri um sorriso. Esperei quieto e parcialmente escondido; queria vê-las cantar a Jellycle Song for Jellycle Cats. Nada. Deviam ser renegadas. Pfff

          Voltei no ritmo com que comecei. Não lento; o natural para mim. Consegui recuperar o fôlego e voltar a admirar a bicharada. Algumas matilhas passaram por mim. Uma era formada apenas por vira-latas pulguentos locais. Outra, por cães que, com um bom trato, encantariam até as mais exigentes madames.

          Uma em especial chamou minha atenção. Eles andavam tão rapidamente e tão juntos que peguei me perguntando, “Aonde vão?” Eles com certeza estavam de passagem por esta cidade. Tinham todo aquele charme urbano. Andavam em direção à estrada com convicção. Perguntei-me se sabia aonde EU ia.

          Após algum tempo ponderando, cheguei à minha rua. E, conforme voltava para o portão, a única coisa que pude me responder era que nada sabia de minha vida a longo prazo, mas que amanhã eu iria mais uma vez me encontrar com os cães, as gatas e a praia.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Planta-homem

          A História é muito doida. Juntando todos os fósseis humanos já encontrados, pode-se traçar o caminho que a humanidade fez, a partir da África. Interessante. O continente tido por negro, desconhecido, é na verdade o berço do homem. Ou da mulher, no caso Lucy. Não é fascinante o quanto a História pode ir mudando completamente o mundo apenas com pontos de vistas diferentes?
          Qualquer aluno que receba educação básica já ouviu falar da escala evolutiva humana, passando pelo neandertais, cromagnons, erectus e muitas outras palavras ótimas de se por em uma forca. O pré-adolescente comum sabe saber que a espécie humana atual é Homo Sapiens Sapiens. Bem, será?
          Como muitas coisas na escola, às vezes se pode afirmar algo que será desmentido no futuro. A maturidade intelectual é deveras importante para que se possa compreender que resolver um sistema é, na verdade, achar a interseção entre os conjuntos soluções das duas ou mais equações a serem analisadas. Mas será que o homem chegou ao máximo de sua maturidade intelectual? Entendo esta característica como algo inalcançável, em sua plenitude. O que podemos, no entanto, é termos o máximo possível de vertentes filosóficas.
          Adotemos uma vertente pouco falada hoje em dia: a planta-homem.
          O mundo, a cada revolução industrial, parece assumir colorações mais cinza férrico e vermelho cúprico. Com o desenvolvimento de novas tecnologias e as pesquisas, vem a verdadeira fissão entre o mundo clássico e o atual.
          Antigamente, o homem tinha uma relação com a natureza de “amizade”, em grande parte devido ao politeísmo. Avaliando a crença grega antiga, vê-se vários deuses que representavam o homem e a Terra.
          Hoje em dia, vivemos as consequências da revoluções industriais. O verde está sumindo do mundo. Qualquer aluno do terceiro ano sabe quanto o Aquecimento Global é maciçamente trabalha nos vestibulares e em várias outras áreas. Todo mundo sabe que as plantas estão morrendo. Mas são só elas?
          Uma coisa que não é muito comentada é que o Homo Sapiens Sapiens tem uma característica especial. Ele é uma planta. Como assim uma planta? O homem tem suas raízes no mundo. São elas que nos permitem raciocinar perfeitamente sobre as coisas da vida. Ele tem os braços liberto para interagir com o resto do mundo.
          Essa visão pode levar a conclusões errôneas. Para clarificar uma delas, direi o que realmente mata a planta-homem: ela é uma planta que precisa de muita luz, por isso que toda hora a humanidade tenta chegar mais perto do pleno saber. O que vai pôr em extinção esta espécie é a caverna. Só há sombras neste esconderijo.
          Por que escrevi esta coisa muy lowca? Porque pretendo aqui fazer uma avaliação mental. Como sugere o nome, desisti de raios-X e tomografias da minha cabeça. O que farei é, sem melindres, nem morfinas, fazer uma autópsia em meu cérebro. Talvez ninguém me leia. Talvez o planeta inteiro me leia. O mais importante é que escrever estas coisas me proporciona um crescimento incomensurável. Com esses textos, sinto-me uma planta-homem cada vez mais afastada da caverna.
          Não fechei a quantidade de posts por determinado período de tempo. Deixarei fluir o mais naturalmente possível. Prometo tentar o quanto antes estar incluindo aqui poemas e contos do meu acervo.
          Sem mais delongas, beijinhos.